sábado, 13 de outubro de 2012

Editorial do P13 primeiro turno


Editorial
                                                                                         
No  dia 7 de outubro, o povo brasileiro compareceu às urnas, para eleger as autoridades executivas e legislativas de cada um dos 5567 municípios brasileiros. Em 50 municípios, haverá segundo turno no dia 28 de outubro.

O PT foi o partido mais votado, com 17,2 milhões de votos, nos escolhendo para governar e legislar, ou nos atribuindo o papel de oposição.

Elegemos já no primeiro turno 624 prefeitos e prefeitas, entre os quais 13 em cidades com mais de 150 mil eleitores. Ampliamos nossa presença nos legislativos municipais. Petistas disputam o segundo turno em 22 cidades, entre as quais São Paulo.

Nosso desempenho eleitoral foi resultado de uma combinação de fatores: a criatividade e pertinência das propostas que apresentamos para resolver os problemas de cada município; o exemplo globalmente exitoso de nossos governos municipais, estaduais e federal; o prestígio de nossas candidaturas e lideranças, com destaque para Lula e Dilma; nossa capacidade de construir alianças sociais e políticas, tendo como referência a base de apoio de nosso governo federal; e, como fator principal, destacamos a animação, a persistência e a combatividade da militância petista, milhões de homens e mulheres que, em seus locais de residência, estudo, trabalho e lazer, sustentaram com convicção as bandeiras do PT.

Nosso desempenho nas eleições municipais ganha ainda maior significado, quando temos em conta que ele foi obtido em meio a uma intensa campanha, promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o PT.

Neste momento, tal campanha se apoia principalmente no julgamento que está em curso no STF. Marcado propositalmente para coincidir com o processo eleitoral (sem que haja explicação para o fato de ainda não ter sido julgado caso similar e anterior envolvendo tucanos), com decisões casuísticas (como o não desdobramento, aceito no caso do chamado mensalão tucano), legislação de exceção (estabelecendo culpabilidade sem que haja provas nos autos, sendo que a ausência de provas foi utilizada pelo STF para livrar Collor de Mello) e atropelos por parte do promotor (o mesmo que atrasou o quanto pode as investigações contra Cachoeira), o julgamento do chamado mensalão é manipulado para converter-se não em julgamento de pessoas, mas do Partido.

Não é a primeira, nem será a última vez, que os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação democrática; sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o funcionamento do judiciário; sua incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira.

Mas ao menos no primeiro turno das eleições, a voz do povo encobriu a dos que vaticinavam a destruição do Partido dos Trabalhadores.

O voto popular trouxe valiosos ensinamentos ao PT, que devem ser debatidos e incorporados por nossa militância, inclusive para garantir um desempenho vitorioso no segundo turno. Sem nunca perder de vista o caráter municipal das eleições, daremos prosseguimento ao debate entre diferentes projetos nacionais, a defesa de nosso Partido e de nossas administrações, a começar pelos governos Lula e Dilma.  

Passado o segundo turno, haverá muito o que debater, explicar e entender. Inclusive no que diz respeito ao julgamento, a respeito do qual a crítica ao STF deve ser acompanhada da devida autocrítica por parte dos que abriram o flanco para o ataque de que estamos sendo vítimas.

De toda forma, o que estamos assistindo neste processo eleitoral não deve surpreender ninguém, pois se trata apenas da confluência de vários fatores que vem se acumulando há algum tempo. Para os quais, vale dizer, temos alertado seguidamente nos editorial e demais textos publicados em Página 13.

A seguir, uma lista:

A avaliação positiva de Dilma e nosso governo federal não se traduz em voto equivalente por parte de nossas candidaturas. Inclusive porque, como vimos no primeiro turno, uma das implicações do chamado governo de coalizão foi a ausência de Dilma em disputas fundamentais para o PT.;

A oposição de direita (PSDB, DEM e PPS), embora com dificuldades, não está e nunca esteve morta. E em vários locais ela utiliza dubles de corpo, ou seja, o projeto neoliberal e conservador tem como porta-voz partidos e candidaturas integrantes da base do governo federal;

As grandes empresas de comunicação fazem uma campanha permanente contra o PT e contra as idéias da esquerda. Ou democratizamos a comunicação, ou as empresas de comunicação continuarão colocando em questão a democracia;

Parte da base de apoio do governo está em campanha para derrotar o que eles denominam de hegemonismo do nosso partido. E aí é preciso distinguir o que é direito legítimo de acumular forças para seu próprio projeto, do que é anti-petismo e conservadorismo travestidos;

A ampliação da capacidade de consumo de uma parcela da população brasileira, sem a correspondente politização e organização, deu origem a um setor social manipulável pelo populismo de direita e por idéias conservadoras, muitas vezes articuladas por projetos de natureza religioso-empresarial.

Colabora para esta manipulação a debilidade de algumas políticas públicas que, embora universais de direito, não o são de fato, abrindo espaço para que esta parcela da população seja disputada por soluções de mercado (como os planos de saúde, as escolas privadas e o transporte individual), gerando insatisfação e ao mesmo tempo reforçando a manipulação deste setor pelo populismo de direita.

A renovação geracional da população brasileira faz com que, para uma parcela do eleitorado, nós sejamos parte do passado, não do futuro. Fator que ajuda a compreender o surgimento de um eleitorado que vota em alternativas à esquerda do PT, com resultados expressivos em cidades como Belém, no Rio de Janeiro e em Niterói, para ficar só nestes exemplos.

A manipulação do julgamento do chamado mensalão, num conluio entre setores da direita do judiciário, grandes empresas de comunicação e a oposição de direita, coloca parcela do petismo na defensiva. O fato da maioria dos integrantes do STF ter sido indicada por Lula e Dilma, tendo em alguns casos adotado posturas progressistas, apenas confirma que o problema é estrutural, motivo pelo qual confirma-se que a reforma do judiciário é componente inseparável da reforma democrática das instituições.

O financiamento privado das campanhas chegou a um ponto de total esgotamento, com custos nas alturas e doações na baixada. A reforma política deve continuar sendo um objetivo fundamental do PT em 2013.

A isto tudo podemos agregar um aspecto pouco debatido na direção nacional do PT, mas que para nós é fundamental: as opções macro e microeconômicas do governo federal, para combater a crise e seguir desenvolvendo o país, misturam medidas corretas com concessões exageradas ou simplesmente incorretas ao grande capital. Numa imagem: o Mantega de hoje é melhor que Palloci, mas não é melhor que o Mantega de ontem.

Apesar de todos estes riscos, na reta final do primeiro turno as candidaturas do PT reagiram e o saldo foi de vitória política e/ou eleitoral, apesar de derrotas gravíssimas e situações complicadas. Por óbvio, a depender do que ocorra no segundo turno, em especial na cidade de São Paulo, o balanço será um ou outro.

Entretanto, o fundamental é perceber que se acumularam imensos problemas, cuja solução passa por uma revisão na estratégia partidária. Sem isto, a derrota virá, mais cedo ou mais tarde.

A revisão estratégica deve incluir deixar para trás certas ilusões. Neste sentido, uma análise fria do julgamento no STF confirma a natureza estruturalmente conservadora do poder judiciário brasileiro e, por tabela, do Estado brasileiro.

Isto diz muito sobre os limites da estratégia de mudança por dentro. Se não houver uma reforma do Estado, se não houver pressão social de fora para dentro, se não perdermos as ilusões, a mudança que virá será contra nós, não a favor dos trabalhadores.

Esta edição de Página 13 chega aos leitores na véspera do segundo turno. Convidamos a todos e a todas para que votem 13, votem nas candidaturas do PT. E, ao povo venezuelano, parabenizamos pelo vitória de Chávez presidente da nossa irmã República Bolivariana.

O desempenho do PT no primeiro turno das eleições municipais brasileiras, assim como a vitória do Grande Polo Patriótico nas eleições presidenciais venezuelanas igualmente realizadas no dia 7 de outubro, confirmam a força da esquerda democrática, popular e socialista latinoamericana e caribenha.

Os editores

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Carta para a Copppal


Al compañero Gustavo Carvajal

A los compañeros y compañeras presentes en el Encuentro de la COPPPAL

Mis atribuciones en la Dirección del PT, en este momento de la campaña electoral, me impiden de estar con ustedes ahora. Pido vuestra comprensión y me pongo a la disposición para cualquier tarea deliberada por la COPPPAL.

Seguramente la compañera Laisy (que tiene la doble felicidad de estar ahí, al mismo tiempo que eligió el alcalde de Goiânia ya en la primera vuelta) podrá dar más elementos sobre el proceso electoral brasileño.

De mi parte, me gustaría transmitir algunas ideas y informaciones, basadas en el debate trabado en este día 10 de octubre, en la reunión del Directorio Nacional del PT.

En el día 7 de octubre, el pueblo brasileño compareció a las urnas, para elegir las autoridades ejecutivas y legislativas de cada uno de los 5567 municipios brasileños.

En 50 municipios, habrá segunda vuelta el día 28 de octubre.

El PT fue el partido más votado en la primera vuelta, obteniendo 17,2 millones de votos, sumando los que nos escogieron para gobernar y legislar, con aquellos que nos atribuyeron el rol de principal fuerza de oposición.

Elegimos ya en la primera vuelta 626 alcaldes y alcaldesas, entre los cuales 13 en ciudades con más de 150 mil electores.

Ampliamos nuestra presencia en los legislativos municipales, con más de 5 mil concejales.

Petistas disputan la segunda vuelta en 22 ciudades, entre las cuales São Paulo.

El resultado electoral del PT ocurrió a partir de una combinación de factores: la creatividad y pertinencia de las propuestas que presentamos para resolver los problemas de cada municipio; el ejemplo globalmente exitoso de nuestros gobiernos municipales, estaduales y federal; el prestigio de nuestras candidaturas y liderazgos, con destaque para Lula y Dilma; nuestra capacidad de construir alianzas sociales y políticas, teniendo como referencia la base de apoyo de nuestro gobierno federal; y, como factor principal, destacamos el empeño, la persistencia y la combatividad de la militancia petista, millones de hombres y mujeres que, en sus locales de residencia, estudio, trabajo y recreación, sostuvieron con convicción las banderas del PT.

Nuestro resultado en las elecciones municipales gana un significado aún mas grande, cuando tenemos en consideración que fue obtenido en medio a una intensa campaña, promovida por la oposición de derecha y sus aliados en los medios de comunicación, cuyo reto explícito es criminalizar el PT.

En Brasil, la oposición neoliberal (PSDB, DEM y PPS), todavía experimente crecientes dificultades, no está y nunca estuvo muerta, actuando recíprocamente con el populismo de derecha, muchas veces travestido de iniciativas religioso-empresariales.

Las grandes empresas de comunicación hacen una campaña permanente contra el PT y contra las ideas y prácticas da izquierda. Está cada vez más claro que, o democratizamos la comunicación, o los monopolios de los medios de comunicación seguirán amenazando la democracia.

La financiación privada de las campañas electorales sigue deformando la voluntad popular. La reforma política sigue siendo un reto fundamental del PT en 2013.

No es la primera, tampoco será la última vez, que los sectores conservadores de Brasil demuestran su intolerancia; su falta de vocación democrática; su hipocresía, los dos pesos y dos medidas con que abordan temas como la libertad de comunicación, la financiación de las campañas electorales, el funcionamiento del judiciario; su incapacidad de convivir con la organización independiente de la clase trabajadora brasileña. Pero la voz del pueblo suplantó la de aquellos que vaticinaban la destrucción del Partido de los Trabajadores.

El voto popular trajo valiosas enseñanzas al PT, que deben ser debatidos e incorporados por nuestra militancia, inclusive para garantizar un resultado victorioso en la segunda vuelta.

Daremos especial atención para conquistar el apoyo de cerca de una parte importante del electorado brasileño, que en la primera vuelta se abstuvo, votó en blanco o nulo.

En la segunda vuelta, sin jamás perder de vista el carácter municipal de las elecciones, daremos seguimiento al debate entre diferentes proyectos nacionales, la defensa de nuestro Partido y de nuestras administraciones, a empezar por los gobiernos Lula y Dilma.  

El resultado del PT en la primero vuelta de las elecciones municipales brasileñas, así como la victoria del Gran Polo Patriótico en las elecciones presidenciales venezolanas igualmente realizadas el día 7 de octubre, confirman la fuerza de la izquierda democrática, popular y socialista latinoamericana e caribeña. Ampliar nuestra victoria en la segunda vuelta es más una garantía de que Brasil seguirá en el rumbo cierto, de paz, integración, bien estar social y desarrollo.

Un abrazo

Valter Pomar

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Editorial P13 edição 113 de outubro


No dia 17 de setembro, durante reunião da Comissão Executiva Nacional do PT, um parlamentar e dirigente partidário confessou, com outras palavras, que existe alguma coisa acontecendo que ele não conseguia entender, nem explicar. Ele se referia as dificuldades enfrentadas pelo Partido no processo eleitoral de São Paulo capital. Mas sua inquietação encontrou eco nas informações e análises acerca de outros cenários.

Da nossa parte, reconhecemos que há muito por entender e explicar. Mas, no fundamental, o que estamos assistindo neste processo eleitoral não deveria surpreender ninguém, pois se trata apenas da confluência de vários fatores que vem se acumulando há algum tempo. Para os quais, vale dizer, temos alertado seguidamente nos editoriais e demais textos publicados em Página 13.

A seguir, uma lista:

1. A avaliação positiva de Dilma e nosso governo federal não se traduz necessariamente em voto equivalente por parte de nossas candidaturas;

2. A oposição de direita (PSDB, DEM e PPS), embora com dificuldades, não está e nunca esteve morta;

3. As grandes empresas de comunicação fazem uma campanha permanente contra o PT e contra as idéias da esquerda;

4. Parte da base de apoio do governo está em campanha para derrotar o que eles denominam de hegemonismo do nosso partido;

5. A ampliação da capacidade de consumo de uma parcela da população brasileira, sem a correspondente politização e organização, deu origem a um setor social fortemente manipulável pelo populismo de direita e por idéias conservadoras;

6. A renovação geracional da população brasileira faz com que, para uma parcela do eleitorado, nós possamos ser apresentados como parte do passado, não do futuro;

7. A manipulação do julgamento do chamado mensalão, num conluio entre setores da direita do judiciário, grandes empresas de comunicação e a oposição de direita, coloca parcela do petismo na defensiva;

8. O financiamento privado das campanhas chegou a um ponto de total esgotamento, com custos nas alturas e doações na baixada.

A isto tudo podemos agregar um aspecto pouco debatido na direção nacional do PT, mas que para nós é fundamental: as opções macro e microeconômicas do governo federal, para combater a crise e seguir desenvolvendo o país, misturam medidas corretas com concessões exageradas ou simplesmente incorretas ao grande capital. Numa imagem: o Mantega de hoje é melhor que Palloci, mas não é melhor que o Mantega de ontem.

Tudo que foi dito anteriormente não implica que o PT vá sair derrotado das eleições municipais de 2012. O risco de derrota eleitoral e política existe. Mas nada impede o que está ocorrendo nesta reta final, com muitas candidaturas do PT reagindo e tornando factível um saldo de vitória política e/ou eleitoral.

Entretanto, o fundamental é perceber que se acumularam imensos problemas, cuja solução passa por uma revisão na estratégia partidária. Sem isto, a derrota virá, mais cedo ou mais tarde.

A revisão deve incluir deixar para trás certas ilusões. Neste sentido, uma análise fria do julgamento no STF confirma a natureza estruturalmente conservadora do poder judiciário brasileiro e, por tabela, do Estado brasileiro.

Isto diz muito sobre os limites da estratégia de mudança por dentro. Se não houver uma reforma do Estado, se não houver pressão social de fora para dentro, se não perdermos as ilusões, a mudança que virá será contra nós, não a favor dos trabalhadores.

Esta edição eletrônica de Página 13 chega aos leitores na véspera da eleição. Votemos 13, nas candidaturas do PT. E que o dia 7 de outubro consagre Chávez presidente da República Bolivariana. Logo após a eleição, a edição 113 em papel, atualizada com os resultados do primeiro turno, será enviada para as casas dos assinantes.